quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Pelo colectivo

Um destes dias fui assistir a uma noite de fados numa colectividade de uma pequena aldeia do concelho de Tomar.

Era tudo amador (até pelo facto de todos amarem o que fazem). Os músicos e os fadistas eram de lugares próximos e ensaiavam em segundos, no palco antes de cada actuação. Cada um deu o que tinha: Uns, a voz, outros os dedilhados nas cordas das violas e da guitarra.

Na cozinha, as mulheres atarefadas à volta da panela, preparam o caldo verde que vai ser servido no primeiro intervalo. A couve portuguesa, as batatas, o azeite e o chouriço foram também oferecidos. Alguém trouxe uns garrafões de agua-pé e bebe-se devagar, enquanto se chora a dor e a saudade no palco.

Com pequenos gestos de cada um, a um preço simbólico, mais de cinquenta pessoas ouvem fado e aquecem o corpo e a alma numa noite gelada, algures no "país real".

É em pequenas colectividades como aquela, que se decide e consegue a alegria de uma comunidade em partilha. Cada um trabalha gratuitamente ou oferece o que tem, pelo bem comum e pela cultura da gente da terra.

Por algumas horas, todos felizes.

É hora de recordar. Fernando Maurício é o primeiro.

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