terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Salvação, mas pouco

Eu e os meus irmãos temos a veleidade de salvar o país de duas em duas semanas, quando nos encontramos em casa dos meus pais. Discutimos sempre com muita intensidade na defesa do modelo que, acreditamos, irá tornar Portugal na maior potência europeia, rivalizando até com o Japão e com os EUA.

Raramente concordamos nos argumentos, falamos alto, por cima uns dos outros, muitas vezes sem sequer dar tempo de resposta ou pensarmos bem antes de dizermos os disparates que tantas vezes dizemos quando as posições se extremam.

Enquanto o meu pai esteve connosco, ocupando sempre o topo da mesa, tínhamos o cuidado de moderar as conversas, até no sentido de que ele tomasse partido por um de nós, encerrando a conversa.

Agora, é praticamente impossível à minha mãe conseguir algum consenso nesta "família à italiana" com três filhos adeptos (fanáticos) de três clubes diferentes, com três defensores de soluções politicas diferentes e até com olhares díspares sobre religião. No entanto, quando as coisas estão prestes a azedar, há sempre uma das maravilhosas sobremesas que ela nos prepara. Enterram-se os machados de guerra e aguarda-se por nova batalha dali a duas semanas.

De barriga cheia, entretemo-nos então a falar da nossa vida e das nossas coisas. Cada um de nós deseja um mundo melhor para os outros dois e é por isso que discutimos sempre sobre o estado das coisas.

Antes de salvar o mundo todo, queremos salvar o mundo dos outros dois. É por isso que vejo os meus irmãos como super-heróis. 

Adoramos discutir e isso é o sal da vida.

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